Saneamento

Das três estações de tratamento existentes, apenas duas estão em operação

Em atividade, ETE Laranjal só funciona com 10% da sua capacidade; valetas a céu aberto somam 800 quilômetros

Jô Folha -

Ao mesmo tempo uma questão ecológica e de saúde pública, a coleta e o tratamento de esgoto constituem um dos maiores desafios enfrentados pelos municípios. Em Pelotas, cuja meta era chegar em 2017 com 80% dos efluentes tratados, a menos de um ano do prazo ainda se está na marca dos 30%. Com pequenos avanços e muitos problemas, a cidade chega ao Dia Mundial do Meio Ambiente, data celebrada neste domingo, com pouco a se comemorar nessa área e muito a ser feito.

As deficiências se concentram nas precárias estações de tratamento de esgoto (ETE) em funcionamento e, principalmente, na falta de andamento no projeto de construção de novas ETEs. Das três existentes, apenas a Laranjal e a Lagoa de Estabilização Rodoviária funcionam, sendo que a estação da praia não opera com sua total capacidade. A terceira, ETE Porto, está inoperante por problemas estruturais.

Nos locais destinados a receberem as duas novas estações, a Rodoviária, na Vila Farroupilha, e a Novo Mundo, na Zona Norte, que elevariam a capacidade de tratamento de efluentes da cidade de forma significativa, o cenário é de abandono. E de fato é. O pouco feito pela empresa que venceu o processo licitatório da obra e não o concluiu, não teve alterações desde então. Segundo o diretor-presidente do Sanep, Jacques Reydams, o empecilho para uma resolução está no orçamento, que permanece o mesmo, enquanto os valores do material de construção e da mão de obra sofreram reajuste. “Consequentemente não conseguimos fazer uma nova licitação em função dessa diferença, mas estamos buscando alternativas, como a construção de estações compactas que atendem as mesmas demandas e possuem custo menor.”

Mesmo frente a esta realidade, Reydams considera o índice alcançado por Pelotas como acima da média em relação a outros municípios. O superintendente industrial da autarquia, Eugênio Magalhães, complementa afirmando que ainda há muito a ser feito, mas dentro da realidade nacional, a cidade está bem colocada na coleta e no afastamento dos efluentes.

O ecólogo e professor da Furg, Marcelo Dutra, discorda. Para ele, considerando o porte do município, já deveria estar sendo tratado, no mínimo, 60% do esgoto. O índice atual representa para Dutra um grave problema, principalmente porque a região é composta em grande parte por água e o lançamento deste efluente causa desequilíbrio no ecossistema e oferece risco à saúde.

Outros desafios enfrentados pelo município são as ligações clandestinas de esgoto. As áreas onde o problema é identificado mais fortemente são o Laranjal e o Sítio Floresta.

Estações já concluídas - e seus problemas

ETE Laranjal
Inaugurada em 2007
Funciona hoje com 10% da sua capacidade
Suporta 125 litros por segundo
Pode atender 64 mil moradores ou 16 mil moradias do Laranjal
Hoje apenas 1,2 mil casas possuem canos coletores e, dentro destas, 297 fizeram readequações para que o esgoto chegue até as coletoras do Sanep

ETE Porto
Está desativada desde 2010
Com isto, manda seus resíduos sem tratamento diretamente para o São Gonçalo
Quando em funcionamento, tinha capacidade para tratar 200 litros de esgoto por segundo
Contemplava Zona Leste: Areal, Porto e arredores

Lagoa de Estabilização Rodoviária
Construída em 1983
Possui quatro hectares
Sua capacidade é de 7.500 m³ por dia
Recebe resíduos do coletor geral 2, que atende a área norte do Fragata
O destino é o canal Santa Bárbara e posteriormente o São Gonçalo

Em espera
Três ETEs precisam ser construídas em Pelotas: a Novo Mundo (R$ 15,5 milhões), a Rodoviária (R$ 4,5 milhões) e a Simões Lopes (em processo licitatório). Se já estivessem em operação, elas estariam tratando 14 grandes áreas da cidade

- Há 800 quilômetros de valetas a céu aberto

- Pelotas necessita de 400 km de rede de esgoto para sanear e chegar aos 100%

- 60% do esgoto da cidade é coletado

- 30% desse porcentua é tratado

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Lenda do boxe, Muhammad Ali morre aos 74 anos nos Estados Unidos Anterior

Lenda do boxe, Muhammad Ali morre aos 74 anos nos Estados Unidos

Próximo

Papa muda processo para afastar bispos que ignoram casos de abusos sexuais

Deixe seu comentário